Publicada em 18 de setembro de 2024
Com equipes enxutas e estruturas mais simples, a gestão de pessoas é um dos maiores desafios enfrentados por pequenas empresas. Por vezes, os gestores acumulam funções, o que pode tornar o ambiente de trabalho mais complexo. Além disso, nestes empreendimentos, a proximidade entre líder e equipe é maior, o que demanda habilidades de liderança ainda mais refinadas para equilibrar produtividade, engajamento e bem-estar.
O papel das pequenas empresas no mercado de trabalho é fundamental. Uma pesquisa recente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), apontou que as micro e pequenas empresas (MPE) foram responsáveis por oito em cada dez empregos criados na economia em 2023. O dado ressalta a importância dos pequenos negócios na geração de emprego e evidencia o desafio de gerenciar equipes com recursos limitados e demandas crescentes.
Além disso, ainda de acordo com o Sebrae, 67% dos brasileiros adultos estão envolvidos com o empreendedorismo, seja à frente do próprio negócio ou interessados em abrir um nos próximos três anos. No entanto, a cada cinco novas empresas abertas no país, uma fecha no primeiro ano e apenas 10% delas sobrevivem mais de três anos e meio. Esses números refletem não apenas a volatilidade do cenário empreendedor brasileiro, mas também a importância de uma gestão eficaz para garantir a sobrevivência e o sucesso das pequenas empresas.
Um dos principais obstáculos enfrentados na gestão de pessoas em uma empresa de pequeno porte é a falta ou escassez de recursos para investir em tecnologia de RH e treinamentos frequentes. Isso pode gerar dificuldades no recrutamento, retenção de talentos e desenvolvimento profissional, o que pode impactar o crescimento da empresa. Estas MPEs competem diretamente com grandes corporações por bons profissionais, mas nem sempre conseguem oferecer os mesmos benefícios ou oportunidades de crescimento. Assim, cabe ao gestor criar um ambiente que valorize transparência, flexibilidade e desenvolvimento.
Outro ponto crítico é o acúmulo de funções. Em pequenas empresas, é comum que os colaboradores desempenhem diversas atividades além de suas atribuições originais. Isso pode gerar sobrecarga, estresse e desmotivação se não houver uma gestão adequada. A solução, nesse caso, está na criação de uma cultura organizacional que valorize a comunicação aberta e a colaboração entre os membros da equipe. O gestor deve estar atento aos sinais de sobrecarga e buscar constantemente ajustar as demandas de trabalho à capacidade da equipe.
Manter um ambiente de trabalho saudável e produtivo passa também pela valorização do feedback contínuo. A falta de uma área dedicada exclusivamente a recursos humanos em pequenas empresas pode dificultar a implementação de processos formais de avaliação, mas isso não deve ser um impedimento. É fundamental que os gestores criem momentos regulares de feedback, promovendo conversas sinceras sobre o desempenho e as expectativas de cada colaborador. Isso não só ajuda a alinhar os objetivos da empresa com o trabalho da equipe, como também reforça o senso de pertencimento e reconhecimento.
Em um mercado de trabalho cada vez mais dinâmico, é necessário incentivar a capacitação contínua. Mesmo com orçamentos restritos, há diversas maneiras de promover o desenvolvimento profissional, como programas internos de mentoria, workshops com especialistas ou o incentivo ao aprendizado online. Investir em pessoas, mesmo que de forma modesta, traz retornos significativos em termos de produtividade e inovação.
A cultura organizacional também é um fator decisivo. Pequenos empreendimentos, por sua estrutura, têm a oportunidade de construir ambientes de trabalho com mais flexibilidade e autonomia. Incentivar a troca de ideias, promover a diversidade e adotar um estilo de gestão horizontal são práticas que podem contribuir para um espaço de trabalho mais engajador. A proximidade entre todos os níveis da empresa permite uma maior colaboração, o que deve ser aproveitado para criar uma cultura forte e centrada no ser humano.
A saúde mental é outro aspecto que tem ganhado relevância na gestão de pessoas, especialmente em pequenas empresas, onde o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional muitas vezes é mais difícil de ser alcançado. Promover um ambiente de trabalho que respeite o bem-estar dos colaboradores, oferecendo flexibilidade, valorizando a empatia e adotando políticas de saúde mental, é essencial para evitar o burnout e garantir um time mais motivado e comprometido com os resultados.
Dessa forma, a transparência na comunicação e a clareza dos objetivos da empresa são fundamentais para manter uma equipe engajada. Quando todos entendem o propósito do negócio e sabem exatamente qual é o seu papel no sucesso da empresa, a motivação tende a ser maior. Pequenos negócios têm a vantagem de promover uma visão de conjunto mais integrada, o qu e pode facilitar o engajamento e o alinhamento dos colaboradores com os objetivos estratégicos.
Por fim, a gestão de pessoas em empresas de pequeno porte é desafiadora, mas também oferece oportunidades únicas de criar um ambiente de trabalho colaborativo, inovador e humano. Ao valorizar o diálogo aberto, investir no desenvolvimento de sua equipe e manter uma cultura organizacional saudável, os gestores podem superar as limitações típicas de pequenos negócios e alcançar grandes resultados.
Fonte: Contábeis
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